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O contato linguístico na comunidade okinawana do Brasil e as peculiaridades linguísticas do Burajiru-Okinawa-Colonia-go como variante da língua japonesa
No Brasil, está presente a maior comunidade imigrante okinawana do mundo, que corresponde a cerca de um décimo da população total de imigrantes japoneses e descendentes no país. Os okinawanos imigraram ao Brasil levando consigo dois idiomas: o ryukyu-go, ou língua de Ryukyu (antigo reino que deu origem à atual província de Okinawa), e o ryukyu-creoloid, uma variante da língua japonesa originada do contato da primeira com o japonês continental. Lembremos que, apesar de serem línguas irmãs e apresentarem algumas semelhanças, a língua de Ryukyu e a língua japonesa são ininteligíveis entre si.
Paralelamente à língua de Ryukyu e ao ryukyu-creoloid, na comunidade okinawana são falados também o japonês continental e o português. Desta forma, podemos dizer que quatro idiomas estão em contato e se misturam, provocando mutuamente mudanças linguísticas nos campos fonético, lexical e gramatical. Como resultado, temos o surgimento de uma variante que chamamos de Burajiru-Okinawa-Colonia-go. Esta difere-se da língua falada pelo restante da comunidade japonesa e também da língua falada em outras comunidades okinawanas do mundo.
O Burajiru-Okinawa-Colonia-go possui três faces distintas: o Burajiru-Okinawa-Colonia-Nihongo, o Burajiru-Okinawa-Colonia-Ryukyugo e o Burajiru-Okinawa-Colonia-Porutogarugo, respectivamente, variantes da língua japonesa, da língua de Ryukyu e do português. Cada uma delas apresenta peculiaridades que variam de acordo com a geração e L1 do falante. Neste trabalho, falaremos principalmente das características observadas no Burajiru-Okinawa-Colonia-go como variante da língua japonesa, embasados na análise de trechos de conversação e frases obtidas de okinawanos residentes no Brasil.
Veremos de que forma ocorrem os empréstimos lexicais, as variações fonéticas e gramaticais e a influência da língua de Ryukyu, do ryukyu-creoloid e do português sobre o japonês falado pelos okinawanos. Na gramática, daremos enfoque principalmente à expressão do Aspecto verbal, em que se observam a mistura de dialetos do japonês e a ocorrência de erros por influência do português.
Trabalho apresentado no XI Congresso Internacional de Estudos Japoneses no Brasil/ XXIV Encontro Nacional de Professores Universitários de Língua, Literatura e Cultura Japonesa; 22/9/2016, Universidade Federal do Amazonas – UFAM, Brasil.
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